Modelo Veja Claramente – Parte 4: As Ferramentas de Transformação

livro magico flutuante

As Ferramentas de Transformação compõem a última parte do Modelo Veja Claramente. É através delas que acredito termos condições de resolver nossos conflitos sem precisar reinventar a roda. Já está tudo pronto. Só ler e aprender.

Neste último artigo da série em que apresento o “Modelo Veja Claramente”, que nada mais é do que minha abstração sobre um conjunto de conhecimentos e ferramentas úteis para alcançar autoconhecimento e, consequentemente, desenvolvimento pessoal, abordarei os conceitos de nível operacional. Nos artigos anteriores, levantei os conceitos dos níveis tático e estratégico. Se o leitor quiser conhecê-los antes de prosseguir para esta última parte, basta acessar os artigos anteriores:

Parte 1- Apresentando o Modelo – Visão geral;

Parte 2 – As Dimensões Humanas – Conceitos de nível estratégico do ser; e

Parte 3 – Os Fatores Cotidianos – Conceitos de nível tático do ser.

Prosseguimos, então.

As Ferramentas de Transformação são recursos poderosos que facilitam o processo de desenvolvimento pessoal e autoconhecimento. Elas incluem Filosofia, Psicologia, Religião/Espiritualidade e Estoicismo. Essas ferramentas servem como guias para refletir, questionar, entender e transformar nossos pensamentos, comportamentos e percepções, promovendo uma vida mais equilibrada e consciente. Por considerar que são ferramentas úteis, as insiro no nível operacional, como já dito.

“As ferramentas são o conjunto de conhecimentos e saberes, já disponíveis no mundo, de forma ampla e gratuita. Não se tratam de coisas novas, mas de conhecimentos milenares e provados ao longo dos séculos. Com essas ferramentas, o indivíduo conhecerá os princípios fundamentais da existência, saberá tudo sobre o comportamento humano, suas causas e efeitos, poderá encontrar respostas e até propósito, enquanto aprende sobre virtudes e comportamentos que, com certeza, mudarão sua perspectiva de vida. E certamente viverá melhor.” (Rod Veja Claramente).

Filosofia

Esquecida com o passar do tempo pela maioria das pessoas, a filosofia será sempre um farol a iluminar mentes. É simplesmente a arte de pensar, dar lógica ao pensamento e sentido às ações do ser humano. A história é repleta de pensadores de todos os níveis e de todos os assuntos imagináveis. Todos eles deixaram um legado de pensamento, compreensão e resolução de quase todos os problemas em que o indivíduo é fator central. Autores, livros, poemas, arte… Toda obra filosófica monta uma estrutura real de ferramentas que podemos usar para entender e solucionar problemas.

A Filosofia, como ferramenta de transformação, oferece um quadro para examinar a natureza da realidade, a ética, a existência e o conhecimento. Ela nos ajuda a questionar nossas crenças, entender diferentes perspectivas e tomar decisões mais informadas. Para identificar a filosofia como uma ferramenta útil, identifiquei quatro fatores de destaque: Reflexão Crítica, Autoconsciência, Ética e Tomada de Decisões.

A prática filosófica promove a reflexão crítica, incentivando-nos a questionar as verdades aceitas e a examinar nossas próprias suposições. Esse processo de questionamento leva à autoconsciência, uma compreensão mais profunda de quem somos e do que valorizamos. Filósofos como Sócrates enfatizavam a importância do “conhece-te a ti mesmo” como ponto de partida para a sabedoria.

Com a filosofia, aprendi que a reflexão sobre as coisas da vida, das mais importantes até aquelas corriqueiras, é fundamental para a autoconsciência. Nos textos dos autores, são sempre encontradas análises em que a observação sobre problemas e conflitos, ou eles partem do “eu mesmo” ou vão para “o meu eu”. Ou seja, reflexão e autoconhecimento são explicados, na filosofia, em uma dinâmica de causa e efeito de quem pensa.

A ética filosófica nos ajuda a considerar as implicações morais de nossas ações. Ao aplicar princípios éticos, podemos tomar decisões que estão alinhadas com nossos valores e que promovem o bem-estar tanto pessoal quanto coletivo. Esse enfoque na ética é essencial para viver uma vida coerente e significativa.

Psicologia

Não tão antiga quanto a filosofia, mas com um patamar de importância altíssimo. Sem exagero, posso dizer que a psicologia, como ferramenta de melhoria do homem, é mais concebida que a filosofia. É bem mais fácil encontrar alguém dizendo: “procure um psicólogo” do que outra dizendo “vá a um filósofo”. Talvez isso se dê porque a psicologia oferece insights sobre o comportamento humano, emoções, pensamentos e relações. A psicologia e suas escolas nos equipam com técnicas e teorias que podem ser aplicadas para melhorar a saúde mental, a resiliência emocional e o crescimento pessoal.

A psicologia nos ajuda a entender nossos padrões de pensamento, emoções e comportamentos, facilitando o autoconhecimento. As suas escolas, abordagens e terapias aplicadas nos ajudam a perceber alguns fatores que considero fundamentais: por que sou assim? Por que sinto isso? Por que meu comportamento é assim? A psicologia consegue apontar até fatores sociais que operam dentro de uma realidade de forma observável e medida.

Não conheço nenhuma área atual que exista, como técnica de melhoramento de pessoas e organizações, que não se baseie, em diferentes graus, na psicologia e suas disciplinas. De famílias a grandes organizações empresariais, esportivas e até nas guerras, o fator psicológico sempre está lá para ser aprendido, ensinado e, de uma forma ou outra, decisivo.

No estilo de vida social que temos atualmente, com tecnologias e narrativas, dois fatores precisam se destacar sobre a psicologia moderna: Relações Interpessoais e Comunicação. É imperativo saber se relacionar, e não é possível fazer isso com sucesso se não houver a capacidade de se comunicar. Trata-se de ferramentas psicológicas essenciais para melhorar as relações interpessoais.

A comunicação assertiva, a empatia e as habilidades sociais são aspectos desenvolvidos através da psicologia, permitindo uma interação mais saudável e construtiva com os outros. Compreender as dinâmicas de grupo e os processos de mediação de conflitos é crucial para manter relacionamentos harmoniosos e significativos.

Religião/Espiritualidade

A Religião e a Espiritualidade oferecem um caminho para explorar o significado da vida, conectar-se com algo maior e encontrar paz interior. Elas podem fornecer suporte emocional, propósito e um senso de comunidade. Vou chamar a atenção do leitor para dois conceitos-chave: Propósito e Significado de Vida. Com o significado desses dois fatores, me diga com sinceridade: você conhece alguém que não busca essas duas coisas na vida? E se por acaso conhece, me diga mais uma vez com verdade: te parece que essa pessoa está mesmo viva? Pois é.

A religião e a espiritualidade não são a mesma coisa. Conceitualmente, elas têm suas diferenças, e são importantes ao ponto de não ser possível a confusão entre uma e outra. Leia o artigo que produzi sobre essa diferença. Independentemente das diferenças, as duas são fundamentais para a grande maioria dos seres humanos. Não interessa em que parte do mundo esse ser humano se encontre, com certeza haverá ali práticas de religião e espiritualidade.

É uma ferramenta poderosa para encontrar propósito e significado na vida. Através da conexão com o divino, a natureza ou a comunidade, indivíduos podem sentir uma maior direção e clareza sobre seu lugar no mundo. Isso é particularmente útil em momentos de crise, quando as pessoas buscam respostas para questões existenciais. Como falamos anteriormente sobre as ferramentas psicologia e filosofia, juntamente com a religião, temos três temas que são tratados conjuntamente nas obras da história. Inclusive, nossos sentidos e noções de moral e ética vêm todos da cultura religiosa judaico-cristã.

Práticas espirituais e meditação, juntamente com oração e rituais religiosos, são técnicas eficazes para acalmar a mente, reduzir o estresse e cultivar a paz interior. Essas práticas permitem uma introspecção profunda, promovendo o autoconhecimento e a conexão com o eu interior. Além disso, elas podem fortalecer a resiliência emocional, ajudando a enfrentar desafios com mais serenidade. Culturas inteiras entregam seu bem-estar na religião e espiritualidade. São dezenas de vertentes e pensamentos religiosos na história de todos os povos, não deixando nenhuma dúvida sobre a importância dessa ferramenta pilar. Gostando ou não, elas sempre estiveram disponíveis, e todas são, em grande ou pequena parte, fruto delas.

Estoicismo

O Estoicismo, uma filosofia prática que surgiu na Grécia Antiga, é uma ferramenta valiosa para o desenvolvimento da resiliência, autocontrole e sabedoria. Ele nos ensina a focar no que podemos controlar e a aceitar com serenidade o que está fora de nosso controle. Trata-se também de uma filosofia, pois é chamada de filosofia estoica e tem seus grandes filósofos estoicos. Essa observação se faz importante, pois o leitor pode achar que estou repetindo a ferramenta de transformação filosofia.

Eu fiz a distinção entre a filosofia, em seu termo geral, que é uma ferramenta fantástica pelo seu vasto e inquestionável saber, e o estoicismo, que coloco aqui como um subgrupo da filosofia, porque quero apontar três fatores fundamentais que me fazem identificar o estoicismo como uma ferramenta separada:

– Controle Emocional;

– Serenidade; e

– Virtude.

Os estoicos acreditam que o sofrimento surge da nossa reação aos eventos, não dos eventos em si. Ao aprender a controlar nossas respostas emocionais, podemos alcançar uma maior serenidade. Princípios estoicos como o “amor fati” (amor ao destino) e “memento mori” (lembrança da mortalidade) nos encorajam a aceitar o presente como ele é, sem nos deixarmos abalar pelo medo ou pela ansiedade.

O estoicismo também enfatiza a prática da virtude como o caminho para a verdadeira felicidade. Para os estoicos, a virtude é a única coisa verdadeiramente boa, e o vício é a única coisa verdadeiramente má. Isso significa viver de acordo com a razão, agir com justiça, e manter a temperança e a coragem em todas as situações. A virtude estoica é, portanto, uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento do caráter e do autodomínio. O leitor pode ler outro artigo chamado O Estoicismo, onde eu cito alguns dos principais estoicos da história, e outro artigo onde faço a introdução dele como ferramenta de transformação.

Conclusão

As Ferramentas de Transformação são essenciais para navegar as complexidades da vida moderna. Elas nos fornecem os recursos necessários para enfrentar desafios, tomar decisões mais conscientes e viver de acordo com nossos valores mais profundos. Ao integrar essas ferramentas no dia a dia, podemos alcançar uma vida mais equilibrada, significativa e plena de propósito.

Por Rod (Veja Claramente)

Modelo Veja Claramente – Parte 3: Os Fatores Cotidianos

mulher triste com dinheiro

Nesse novo artigo abordo mais uma etapa do Modelo Veja Claramente. Vamos falar mais sobre os Fatores Cotidianos. Quais são os fatores que temos que equilibrar todos os dias antes de estar em sociedade.

Os Fatores Cotidianos representam aspectos da vida que influenciam diretamente o nosso bem-estar e desenvolvimento pessoal. Eles estão divididos em cinco categorias: Pessoais, Profissionais, Financeiros, Crenças e Familiares. Sistematicamente, interagem com as cinco dimensões humanas (física, emocional, cognitiva, espiritual e social) para moldar nossa experiência de vida.

Compreender e equilibrar esses fatores é essencial para alcançar uma vida plena e alinhada com nossos valores e objetivos, até porque eu tenho certeza que o leitor vai concordar quando digo que os fatores são mais perceptíveis e de mais fácil entendimento que as dimensões. Compreendê-los e percebê-los não necessita tanto de um raciocínio filosófico, pois todos os dias, ao levantar da cama e sair de casa para qualquer atividade, o indivíduo já tem que lidar com eles.

Vou explicar melhor como eu vejo cada um e sua importância.

Fatores Pessoais

Os Fatores Pessoais abrangem a relação que mantemos com nós mesmos, incluindo nosso autocuidado, hobbies, interesses, metas pessoais e crescimento individual. Esses fatores estão profundamente conectados com a dimensão física e emocional, pois influenciam nossa saúde, autoestima e bem-estar geral. Um equilíbrio saudável nesses aspectos pessoais pode resultar em uma vida mais satisfatória e significativa, enquanto a negligência pode levar ao estresse, ansiedade e insatisfação.

O fator pessoal eu relaciono diretamente com o que eu chamo de “A Pessoa do Espelho”. Não importa o que uma pessoa pense, como encara o mundo. O que fez e como fez não interessa. O que pensa de si próprio e como lida com as consequências de seus atos não são de escopo de ninguém. Pelo menos esse é o pensamento de muitos, e talvez, possa ser verdadeiro esse argumento, em que pese a individualidade das pessoas. Mas eu garanto que existe uma pessoa a quem tudo isso interessa: a pessoa do espelho.

Quando olhamos para o espelho encontramos nosso maior crítico, acusador, juiz, carrasco, e em algumas vezes, nosso advogado. É claro que também encontramos nosso advogado, conselheiro, mentor, fã, ídolo, e em alguns casos patológicos, Deus. A comparação significa que o fator pessoal é o centro do equilíbrio diário com os outros fatores. Ele é o centro de comando, é o órgão gestor e fiscalizador dos outros fatores; é pela saúde dos fatores pessoais que uma pessoa gerencia as demais. E isso ocorre o tempo todo e todos os dias.

Então, uma vez que consideramos o fator pessoal um elemento fundamental e gestor, se olharmos de forma isolada, esse fator suscita pelo menos quatro elementos que destaco aqui como principais: O Autocuidado, a Saúde Mental, o Crescimento Pessoal e as Metas. Significa que o indivíduo, antes de pensar nos outros fatores cotidianos e como agir com eles, deverá olhar para si e ter em mente que se ele não ter consciência de que esses elementos devem estar maduros e pronto para o relacionamento com os demais fatores, sob o perigo de não medi-los de forma desproporcional. Se não fizer isso, com certeza o dia não será bom, e com possíveis consequências desagradáveis.

Fatores Profissionais

Os Fatores Profissionais incluem tudo o que se relaciona à carreira, trabalho, vocação e realizações profissionais. Este fator está intrinsecamente ligado à dimensão cognitiva, pois envolve a aplicação de habilidades, conhecimentos e criatividade no ambiente de trabalho. A satisfação profissional é um componente chave do bem-estar, e encontrar um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é essencial para evitar o esgotamento.

Com essa introdução, acho agora oportuno citar parte de um artigo que li sobre:

“Max Weber (1864-1920), jurista e economista alemão, considerado um dos fundadores da sociologia, disse que “o trabalho dignifica o homem”. Weber destacou que o trabalho se encaixava como uma das ações sociais mais nobres e dignas presentes na sociedade. E dignificar significa dar dignidade, enobrecer e realmente o trabalho possui um papel importante para isso, desde que, claro, seja realizado em condições salubres e respeite o ser humano que está realizando aquela função. O trabalho não apenas dignifica o ser humano, mas dá sentido à sua existência. Nos torna úteis para o outro e para nós mesmos”.

O artigo completo, de Marcos Alves Borba, pode ser lido em: O trabalho dignifica o homem

Emprego o termo trabalho aqui no sentido de profissão mesmo, ter uma profissão, um trabalho que o indivíduo executa com propriedade de saber; seja qual for, não apenas ganhar dinheiro de alguma forma, mas ter uma profissão, um conhecimento referencial capaz de dar sentido de realização ao indivíduo ao ponto dele perceber que, com ela, terá chances seguras de obter seu provimento.

E não só sustento, com verdade. O fator Profissional está ligado ao ser humano de forma intrínseca. Faz parte de viver em sociedade a necessidade de ter uma profissão. Não conheço ninguém que não tenha recebido de seus próximos a instrução de ter um trabalho, uma profissão. Pela minha pouca experiência de vida, todas as pessoas já recebem, desde crianças, essa informação ou instrução de se educar e ter uma profissão, pois é através dela que todas as outras conquistas existirão. É transmitido de pais aos seus filhos há milênios.

Todos os dias os fatores profissionais ocupam a mente e a preocupação das pessoas. A maioria de nós sai de casa, estuda e trabalha no sentido de ter uma profissão, e nela, estaremos dedicados a vida toda na maioria dos casos. Perceba que aumentam os casos de profissionais que trocam de profissão justamente para buscar satisfação, seja qual for, em outra profissão. É quase impossível não lidar com esse fator.

Assim como o fator pessoal, destaco alguns elementos essenciais da importância do fator profissional no desenvolvimento pessoal de um ser humano: Realização, Satisfação e Equilíbrio de Vida.

A realização no trabalho não se limita ao sucesso financeiro, mas também à sensação de estar contribuindo de forma significativa. Sentir-se valorizado e encontrar um propósito em suas atividades profissionais pode aumentar a motivação, o desempenho e o contentamento. O trabalho que alinha com os valores pessoais e as habilidades inatas tende a ser mais gratificante e menos estressante.

Manter um equilíbrio saudável entre as demandas do trabalho e as necessidades pessoais é crucial. Quando o trabalho domina excessivamente a vida pessoal, pode levar ao estresse crônico, problemas de saúde e distanciamento de relacionamentos importantes. A gestão do tempo, o estabelecimento de limites claros e a priorização de atividades de lazer e descanso são estratégias eficazes para manter esse equilíbrio.

Como se vê, fatores pessoais se alinham com os fatores profissionais e já percebemos facilmente que é dever de todos dar a atenção devida a isso. A dignidade e a nobreza de um indivíduo começa na compreensão desses fatores.

Fatores Financeiros

Esse fator é diferente do fator profissional e faço essa observação, pois apesar da proximidade, não há necessariamente uma relação direta entre um e outro apesar de, na maioria dos casos, ter uma profissão gera recursos para o indivíduo. Os Fatores Financeiros referem-se à gestão dos recursos econômicos, como renda, despesas, investimentos e segurança financeira. Eles têm um impacto direto na dimensão emocional, pois a estabilidade ou instabilidade financeira pode influenciar significativamente os níveis de estresse e a qualidade de vida.

Os fatores financeiros se relacionam diretamente com planejamento, segurança financeira e a relação do indivíduo com o dinheiro. Tanto que, como disse anteriormente, tem ligação com a dimensão emocional e, em muitos casos, as questões financeiras podem ser causa de infelicidades e tristezas enormes na vida de uma pessoa que não tem o mínimo de cuidado na relação com o dinheiro. E não raro, vejo isso acontecer com muitos que têm uma vida profissional e renda invejáveis.

O planejamento financeiro é uma ferramenta poderosa para alcançar segurança e tranquilidade. A elaboração de orçamentos, a poupança para o futuro e a compreensão dos princípios de investimentos são passos fundamentais para evitar preocupações financeiras. A estabilidade financeira proporciona liberdade para perseguir objetivos pessoais e profissionais, além de reduzir o estresse associado a incertezas econômicas.

Saber cuidar do dinheiro, aprender como funcionam as dinâmicas ao redor dele é fundamental, pois todos os dias lidamos com dinheiro, contas a pagar, dívidas, gastos de todos os tipos: aluguel, energia, água, supermercados, combustível, etc. Essas coisas são diárias e sem nenhuma possibilidade de não lidar com elas, inclusive tendo dinheiro ou não.

Nossa relação com o dinheiro é frequentemente moldada por crenças e atitudes que desenvolvemos ao longo da vida. Compreender e reavaliar essas crenças pode ajudar a criar uma abordagem mais saudável e equilibrada em relação às finanças. Por exemplo, evitar gastos impulsivos e cultivar hábitos de consumo consciente podem aumentar o bem-estar financeiro e reduzir a ansiedade.

Particularmente, considero esse fator o mais crítico atualmente. A cultura que, infelizmente criamos – ou aceitamos, é que o dinheiro serve para servir aos desejos e sonhos mais loucos das pessoas, e acredito que isso tem sido a fonte de distorções e problemas que perduram por uma vida inteira. Eu sei bem como isso funciona. Mas acredito que seja tema para um artigo em separado.

Fatores Familiares

Os Fatores Familiares referem-se às relações e dinâmicas dentro da família, incluindo o papel que desempenhamos como filhos, pais, cônjuges e irmãos. Esses fatores estão diretamente ligados à dimensão social e emocional, pois as relações familiares têm um impacto profundo em nosso bem-estar e felicidade.

Relações familiares saudáveis oferecem uma base de apoio emocional e segurança. O amor, o respeito e a comunicação aberta são elementos essenciais para nutrir essas relações. No entanto, conflitos familiares não resolvidos podem gerar estresse e ansiedade, afetando outras áreas da vida. Aprender a gerenciar conflitos de maneira saudável é vital para manter a harmonia no ambiente familiar.

Falar de relações familiares saudáveis é uma dificuldade para qualquer pessoa, pois a definição disso vai ser tantas quanto forem as pessoas a quem for perguntado. As diferenças culturais, as diferentes formas de educação e instrução das famílias, a regionalidade e até as questões financeiras são consideradas na hora de definir relações familiares.

Se observarmos a evolução das famílias na história, as diferentes formações e constituições vão determinar como os componentes dessas famílias se relacionam. Porém, independente da constituição e cultura, dois aspectos considero de extrema importância: o papel e as responsabilidades da família como fator cotidiano de um indivíduo.

Cada membro da família tem um papel específico, que pode variar ao longo do tempo. Compreender e aceitar esses papéis, ao mesmo tempo em que se comunica de forma eficaz, ajuda a manter o equilíbrio e a cooperação dentro da família. As responsabilidades, quando distribuídas de forma justa, promovem um senso de unidade e fortalecimento dos laços familiares.

Uma família desestruturada, principalmente no que tange ao modo como os componentes se tratam e resolvem seus problemas é determinante para definir se o dia de uma pessoa vai começar bem ou não, se ela terá o apoio que precisa para enfrentar os percalços da vida. Problemas de relacionamento entre parentes são a causa de conflitos gravíssimos e podem destruir qualquer pessoa, inclusive nos fatores profissionais, pessoais e financeiros. Por isso o indivíduo precisa dar atenção a esse fator e tentar de todas as formas manter o equilíbrio em sua casa e seus parentes próximos.

Fatores Crenças

Os Fatores Crenças abrangem as convicções, valores, fé e visão de mundo que orientam nossas decisões e comportamentos. Eles estão profundamente enraizados na dimensão espiritual, moldando nossa percepção de propósito, significado e conexão com algo maior.

Nossas crenças formam a base de nossa identidade e influenciam a maneira como interpretamos o mundo ao nosso redor. Elas afetam nossas escolhas, relações e atitudes em relação a desafios e oportunidades. Um sistema de crenças coerente e bem-definido pode fornecer um senso de direção e propósito, enquanto crenças conflitantes ou limitantes podem causar confusão e desmotivação.

As bases para esse fator são construídas a partir do conhecimento que adquirimos durante a vida. No seio da família, na escola, no trabalho, na igreja e nos livros. E atualmente, nas redes sociais e com os influencers. Todos esses lugares são fontes de conhecimento que formam o caráter e personalidade, mais fundamentais, estruturando o conjunto de crenças, que precisam mais de informação ao longo da vida.

As crenças fazem com que o ser humano estabeleça seus critérios de vida, que vão balizar as decisões a cada momento do dia. As crenças definem o comportamento do indivíduo na sociedade, nos seus relacionamentos e, em grande medida, no relacionamento consigo mesmo, dando a ele justificativas para seus atos e enfrentamento das consequências. Dois elementos destaco como fundamentais nesse fator cotidiano: a espiritualidade e o propósito de vida.

A espiritualidade, que pode ou não estar ligada a uma religião formal, desempenha um papel crucial na busca por propósito e significado na vida. Práticas espirituais, como meditação, oração ou reflexão, podem proporcionar uma sensação de paz interior e conexão com algo maior do que nós mesmos. Essas práticas podem ser particularmente importantes em tempos de crise, oferecendo conforto e orientação.

O indivíduo precisa ter consciência de si, da sua existência e do seu lugar na sociedade. Só que ele só vai ter claridade sobre esse estado mental de existência se suas crenças estiverem alinhadas com o que ele pratica com sua família, seu trabalho, seu dinheiro e com as pessoas a sua volta. Ainda terá que lidar com as diferenças de crenças das outras pessoas, começando com a própria família. Não é raro encontrar pessoas com conflitos familiares terríveis devido às crenças que cada um na casa possui e defende principalmente crenças religiosas e políticas.

A importância das crenças é enorme. Elas podem trazer soluções, mas também problemas sérios de convivência. Numa sociedade plural de culturas religiosas e políticas, considera até muito comum as desavenças familiares e em ambientes de trabalho pelo fato das pessoas defenderem e agir conforme suas crenças. Dessa forma, é necessário sim ter princípios e crenças fortes e ter plena certeza que a defesa deles irá gerar atitudes, e as atitudes geram respostas e consequências. Nessa seara, é sim possível identificar crenças positivas e negativas e é preciso saber elas irão guiar seus passos e comportamentos. Comportamento é ação e, consequentemente, haverá reações.

Conclusão

Os Fatores Cotidianos no modelo Veja Claramente são os alicerces sobre os quais as dimensões humanas se apoiam e interagem. Cada fator, seja ele pessoal, profissional, financeiro, de crenças ou familiar, influencia diretamente o nosso estado emocional, físico, cognitivo, espiritual e social. Manter um equilíbrio saudável entre esses fatores é crucial para o desenvolvimento pessoal e o bem-estar geral. Ao identificar e ajustar esses fatores, podemos cultivar uma vida mais rica, significativa e alinhada com nossos valores e objetivos mais profundos.

Por Rod (Veja Claramente)

Modelo Veja Claramente Parte 1: O que é modelo, para que serve e por que ele

logo do blog veja claramente

O Modelo é uma abstração de muitos anos estudando todo o tipo de conhecimento. Mesmo com tanta informação, não foi possível ter uma vida mais plena. Até que o sofrimento se tornou muito difícil de suportar.

O modelo ‘Veja Claramente’ é uma abordagem abrangente sobre desenvolvimento pessoal que criei, baseada em meus estudos e observações sobre minha própria vida e os eventos que nela ocorreram ao longo do tempo. Até há uns 10 anos atrás, eu ainda não havia parado para analisar minha vida de uma forma externa, observando todos os acontecimentos. Minhas ações, motivações, reações e consequências nunca tinham sido observadas de maneira integrada, como uma cadeia lógica de acontecimentos. Eu percebia tudo apenas com a visão do problema tratado no momento, e só isso. Problema após problema, eu resolvia ou tentava resolver tudo de forma isolada, com a informação que eu tinha no momento e pronto. Entre um problema e outro, só havia tempo para causar novos problemas ou piorar os já existentes.

Até aí, minha vida não foi diferente da vida da maioria das pessoas. A vida é um ciclo interminável de resolver problemas, não é mesmo? O porquê de tudo se perdeu em algum lugar da estrada ou em algum filme bacana, e vida que segue. Só que chegou um momento em que os problemas ficaram repetitivos demais. As pegadinhas da vida eram as mesmas e eu caía em todas, sem exceção. Por mais que eu estudasse e adquirisse instrução, nada mudava. Aprendia muitas coisas, mas a maneira de lidar com a vida e os problemas era a mesma. Chegou ao ponto de eu me olhar no espelho e fazer a triste pergunta: Qual é o seu problema?

Nesse momento, a dor interior é tão grande, pois pode-se encontrar desculpas e argumentos para qualquer acusação vinda de fora e feita por outras pessoas, mas quando é você mesmo que se acusa e aponta o dedo, não há o que esconder ou mentir. Você é o único culpado de fato por sua teimosia e até burrice mesmo. Foi o que aconteceu comigo e, então, parei para analisar as coisas direito.

Eu sempre estudei de tudo, era bom na escola e cheguei a transformar minha vida, até certo ponto, com meus estudos, mas não foi o suficiente. Estudei muitas coisas úteis, mas também muitas coisas que eu achava inúteis. Na verdade, percebi que o estudo das coisas deve ser focado e ter um propósito. Eu não fazia isso, só queria saber e conhecer o necessário para resolver um problema específico. Passar em provas, conseguir títulos, melhorar emprego e renda. Só serviu para isso. Estudar e aprender apenas para resolver pendências pontuais e urgentes não me permitiu usar o conhecimento para progredir e enxergar melhor a vida e o meu lugar nela. Só serviu para me tornar uma esponja de informação, porém, sem nenhum resultado prático transformador de vida.

Foi quando percebi, enquanto fazia uma análise da vida, sobre o que eu sabia, sobre como eu aprendi e sobre onde eu usava o conhecimento, que entendi que a instrução que eu havia adquirido, até então, estava sendo usada de forma errada, de forma isolada do mundo, um mundo em que nada existe de forma isolada; tudo está relacionado de muitas maneiras; todo tipo de conhecimento se complementa e nenhuma das ciências ou saberes são excludentes entre si.

Percebi claramente que não existe conhecimento inútil, existe sim, aplicação inútil de conhecimento. Saberes naturais, sociais, formais; todo o conhecimento aplicado, saberes tradicionais, espirituais, religiosos e todo o conhecimento gerado desses são conhecimentos que servem para que a humanidade seja mais do que foi antes deles.

Ficou evidente também que há lógica de uso e utilidade em todo o conhecimento, e essa lógica aponta para o indivíduo detentor do conhecimento. Para tentar explicar isso, aponto o fato de que, atualmente, ninguém nega o avanço das ciências e dos saberes em todas as áreas da vida e das coisas do mundo. No entanto, parece que a humanidade ou sociedade não apresenta sabedoria a ponto de poder apreciar uma vida mais plena. Ou seja, a inteligência social e emocional geral parece não acompanhar a proporção de informação e conhecimento disponível. Eu só consigo pensar que o problema esteja no uso inadequado que o indivíduo faz do conhecimento que adquire.

Dessa forma, concluo que já existe disponível no mundo todo o conhecimento necessário para que o indivíduo possa se tornar mais do que um mero resolvedor de problemas pontuais e corriqueiros. Não que não seja necessário resolver esses problemas, mas é que a vida do indivíduo deve ser maior que isso. Sua vida deve ser mais do que saber abrir uma garrafa da maneira correta, saber ligar o carro do jeito certo, ou saber 10 formas de agradar as pessoas.

Uma vez que entendi isso, reformulei tudo o que já tinha estudado anteriormente. Juntei matérias de escola, de cursos preparatórios, faculdades, especializações, livros, revistas, filmes, séries… até mesmo muita sabedoria popular. Tentei fazer um apanhado sobre tudo que já tive acesso e identifiquei o que eu, como indivíduo, poderia fazer para dar um maior sentido lógico à minha vida. Usei toda minha referência possível de conhecimento. Assim, cheguei no modelo que chamei de ‘Veja Claramente’, pois foi como se uma voz me sussurrasse ao ouvido exatamente estas palavras: Todo ser humano é constituído de cinco dimensões maiores, cinco fatores cotidianos e quatro são as ferramentas de transformação que ele pode utilizar para mudar sua existência.

As dimensões são: Física, Espiritual, Cognitiva, Emocional e Social. Dependendo da fonte onde se busca, pode-se encontrar até mais de cinco dimensões ou até menos. No entanto, identifiquei que diferentes nomenclaturas tratam dos mesmos domínios das dimensões. Ter aprendido sobre as dimensões significa que o indivíduo identificou suas colunas bases e os alicerces da sua existência, e o que ele deve perceber e buscar equilíbrio. Essas dimensões não são separadas, mas influenciam e são influenciadas umas pelas outras durante a vida toda. Ignorar uma em detrimento de outra não será boa coisa. Desde a saúde física até a existência em comunidade são regidos por essas dimensões.

Os fatores cotidianos são aspectos da vida diária que podem influenciar o dia a dia do indivíduo de forma a afetar diretamente suas decisões, influenciando ações e reações diárias cujas consequências podem ser determinantes, tanto de forma negativa quanto de forma positiva. Eles são cinco fatores: Pessoais, Profissionais, Familiares, Financeiros e de Crenças. Se os fatores não forem bem trabalhados e evoluídos, pode ter certeza que as dimensões ficarão desequilibradas, trazendo sofrimento e instabilidades. Questões pessoais, relações com a família, conflitos de trabalho e entendimento sobre dinheiro são características a serem trabalhadas nos fatores do cotidiano.

Por fim, temos o que eu chamo de ferramentas de transformação. São elas a filosofia, a psicologia, a religião/espiritualidade e o estoicismo. As ferramentas são o conjunto de conhecimentos e saberes, já disponíveis no mundo, de forma ampla e gratuita. Não se tratam de coisas novas, e sim, de conhecimentos milenares e provados ao longo dos séculos. Com essas ferramentas, o indivíduo conhecerá os princípios fundamentais da existência, saberá tudo sobre o comportamento humano, suas causas e efeitos, poderá encontrar respostas e até propósito, enquanto aprende sobre virtudes e comportamentos que, com certeza, mudarão sua perspectiva de vida. E certamente viverá melhor.

Este é o modelo que denominei ‘Veja Claramente’. Significa que se o indivíduo perceber que estudar e conhecer bem as ferramentas de transformação, aprenderá sobremaneira sobre o que constitui seu ser. Ou seja, saberá que sua existência é o domínio e equilíbrio das suas dimensões. Mantendo-as equilibradas, terá condições plenas de determinar como trabalhar e agir com os fatores cotidianos e, com isso, irá diminuir muito a quantidade e a complexidade de seus problemas. Consequentemente, verá claramente seus obstáculos, irá dimensioná-los melhor e terá mais subsídios para enfrentá-los.

O modelo ‘Veja Claramente’ é um modelo de estudo proposto para todos que querem focar em uma trilha de conhecimentos a serem adquiridos com o objetivo principal de buscar o autoconhecimento e, a partir daí, buscar o desenvolvimento pessoal, de forma cíclica e contínua. O modelo propõe utilizar o conhecimento milenar já disponível para atingir os objetivos mais rapidamente, pois já se identifica nele – o modelo, uma lógica de uso útil do conhecimento focado no indivíduo. Uma vez que o indivíduo adquire o conhecimento, ele adquire também as habilidades para mudar sua vida e sua história.

Em breve, em outros artigos, vou detalhar mais cada componente do modelo, indicando o propósito proposto, que é servir de uma espécie de guia, para que o indivíduo não se perca em uma vasta imensidão de conhecimentos e ciências, o que pode levar ao cansaço na busca por respostas e por uma vida melhor.

Por Rod (Veja Claramente)


Autoconhecimento: Caminho para uma Vida Plena

mulher e homem trabalhando

O autoconhecimento é realmente algo importante? Não se trata apenas de um papo de autoajuda ou algo pejorativo. Neste artigo perceberá que é muito mais importante que você imagina.

Pode dizer a verdade. Essa conversa sobre autoconhecimento já deve estar cansativa, certo? Mas já se perguntou o porquê de se falar tanto sobre isso? Talvez não seja tão óbvio, mas esse tema está mais atual que nunca. Antigamente esse assunto parecia ser apenas assunto de filósofo e de autoajuda. Agora é geral, todos parecem estar perdidos em si e na sociedade e esse fato coloca holofotes enormes sobre a necessidade de se autoconhecer. Vamos falar um pouco disso.

O autoconhecimento é o processo de compreender a si mesmo, incluindo os próprios pensamentos, emoções, motivações, valores e comportamentos. Esse processo envolve tanto a autorreflexão quanto a observação crítica das experiências e das reações emocionais, proporcionando uma visão mais clara de quem realmente somos.

Como Carl Jung, um dos mais influentes psicólogos do século XX, afirmou:

“Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro, desperta.”

A busca pelo autoconhecimento tem se tornado tema central para o desenvolvimento humano atualmente e tem raízes profundas na história da humanidade. Filósofos e pensadores antigos já consideravam a importância de conhecer a si mesmo numa jornada complexa, mas essencial para qualquer indivíduo que busque crescimento e realização.

Sócrates, um dos pais da filosofia ocidental, cunhou a famosa máxima “Conhece-te a ti mesmo”, que destaca a relevância do autoconhecimento na busca pela sabedoria.

Figura 1 – Sócrates

A busca pelo autoconhecimento não é coisa nova, como sabemos. Na Antiguidade, essa busca também era observada nas tradições orientais. No budismo, a meditação era e continua sendo utilizada para alcançar a introspecção e a compreensão das próprias emoções e pensamentos. A prática do Yoga na Índia também se concentrou e se concentra no autoconhecimento como um caminho para a iluminação espiritual.

A filosofia e a religião, cada uma em seu contexto e perspectiva, convergem na ênfase do autoconhecimento como um caminho essencial para a sabedoria, a virtude e a realização espiritual. Enquanto os filósofos abordam o autoconhecimento como um meio para a sabedoria e a vida ética, as tradições religiosas o veem como um caminho para a comunhão divina e o crescimento moral. Em ambos os campos, conhecer a si mesmo é visto como fundamental para entender o mundo ao redor e nosso lugar nele.

Dado essa visão mais religiosa e filosófica, talvez ainda tenha restado um pouco de dúvidas sobre para que serve e qual a importância do autoconhecimento. Bem, identificar essa utilidade, em termos de pensar sobre o “SER” como um indivíduo no mundo e a importância “ESPIRITUAL” que dá o sentido de existência para muitas das pessoas, abarca dois grupos não tão distintos assim.

O primeiro grupo de indivíduos acredita que são seres existentes e independentes, do mundo real e material, que pelo simples fato de existirem na matéria já é suficiente a necessidade de conhecimento próprio. O segundo grupo, dos religiosos ou espiritualistas, além de possuírem a mesma necessidade do primeiro grupo – existem no mundo material, ainda precisam de propósito divino, espiritual ou transcendente diretamente associado à existência material. Nos dois grupos, percebe-se a necessidade comum de se conhecer, ou seja, de autoconhecimento como primeiro passo em qualquer direção que seja boa.

Essa seria uma visão geral sobre o autoconhecimento sob a ótica filosófica e espiritual, religiosa. No entanto, hoje em dia há uma visão de propósito menos conceitual ou de comportamento de alto nível. Agora temos o termo ligado diretamente ao comportamento cotidiano das pessoas. Não se trata agora apenas de saber sobre o ser humano e sua existência em sentido amplo, agora se trata da pessoa com seu trabalho, a eficiência corporativa, o corpo, a mente, a saúde e a convivência na sociedade moderna.

O autoconhecimento é, mais que nunca, uma exploração íntima e honesta de quem somos – nossos pontos fortes e fracos, nossos valores e crenças, e nossas motivações e desejos mais profundos. Agora não só em termos contemplativos de grandes questões morais ou éticas, a necessidade agora é a prática diária para resolver problemas do dia a dia.

A prática do autoconhecimento, na visão moderna, também tem diversos benefícios. Ela nos ajuda a:

Tomar Decisões Mais Conscientes (Fatores Pessoais do Cotidiano): Quando conhecemos nossas motivações e valores e princípios, tomamos decisões mais alinhadas com quem realmente somos. Decisões baseadas em um entendimento profundo de si próprio são mais assertivas e levam a menores arrependimentos. Uma falta de autoconhecimento pode resultar em decisões impulsivas ou desalinhadas com a verdadeira essência do indivíduo.

Todos os dias, ao sair de casa, toda pessoa lida com fatores pessoais, familiares, financeiros, trabalho e crenças. Mesmo que se viva sozinho em uma casa, pelo menos com os fatores pessoais terá que lidar e resolver. A forma de entender a relação entre esses fatores, considerar seus princípios e agir consigo mesmo e socialmente definirá como vai ser seu dia e sua vida até. Decisões mais assertivas e menos arrependimentos.

Autogerenciamento: Conhecer-se bem permite gerenciar melhor as próprias emoções e reações, evitando comportamentos autossabotadores e promovendo a resiliência diante das adversidades. Direcionamento claro significa metas alinhadas aos valores genuínos.

Melhorar Relacionamentos (Dimensão social é fundamental): Ao compreender nossas emoções e reações, nos tornamos mais empáticos e melhores comunicadores.

Uma das dimensões do qual todo indivíduo é feito é a social. Somos seres sociais, querendo ou não, gostando ou não. Não se conhecer, certamente trará problemas nos relacionamentos, inclusive intrapessoal. O autoconhecimento te dará uma personalidade mais eficiente, formada e estável, e isso te dará confiança e não tenha dúvidas que irá melhorar os relacionamentos. As pessoas sempre tentam se achegar a pessoas mais centradas. Isso diminui riscos de arrependimentos, más companhias e todo tipo de desafeto. Relações conflituosas sempre trazem dificuldades em comunicação e conflitos interpessoais.

Aumentar a Resiliência: O autoconhecimento nos equipara para lidar melhor com desafios e adversidades (A resiliência tem tudo a ver com o que é preciso desenvolver para amenizar os fatores do cotidiano), pois reconhecemos nossos pontos fortes e fracos.

Martin Seligman, um dos fundadores da psicologia positiva, argumenta que a autoconsciência é crucial para o bem-estar e a felicidade.

Figura 2 – Autogerenciamento e decisões mais conscientes

Reconhecidos os benefícios claros do autoconhecimento para os dias atuais e já sabendo o que ele representa no conceito filosófico/religioso, pode-se ainda simplesmente levantar o argumento que ainda não é tão importante assim. Certo, claro que pode, sem problemas. As pessoas têm o direito de ser ou fazer o que quiserem, inclusive esta é uma característica da sociedade moderna, principalmente a sociedade ocidental. Mas suponhamos que não queremos conhecer a nós mesmos, então vamos conhecer o que, efetivamente, acontece quando o indivíduo escolhe esse lado.

Falhar em desenvolver um senso agudo de autoconhecimento pode ter várias consequências negativas:

Estratégias de Desenvolvimento Ineficazes: Sem uma compreensão clara de onde estão as próprias limitações e pontos fortes, é difícil adotar estratégias de desenvolvimento que realmente funcionem. Por exemplo, investir em habilidades que não são relacionadas aos seus talentos naturais pode levar a frustração e desânimo.

Relações Pessoais e Profissionais Conflituosas: A falta de autoconhecimento pode resultar em dificuldades de comunicação e conflitos interpessoais. Não entender suas próprias emoções e motivações torna mais difícil entender e navegar as emoções dos outros, o que é um requisito para relacionamentos saudáveis.

Estresse e Ansiedade Aumentados: Sem uma bússola interna clara, o indivíduo pode se sentir perdido e reagir com ansiedade e estresse. Isso pode levar a uma sensação de vazio e insatisfação constante.

Estamos no ano de 2024 e a pergunta é: consegue ou não observar uma das três consequências citadas no seu ambiente? Acontece com você? Com alguém que conheça? Algum conflito que valha a pena dizer que acontece porque as pessoas simplesmente não têm conhecimento de si próprias?

Se você tivesse mesmo um bom autoconhecimento teria mesmo feito o que fez outro dia?

Continuando a visão moderna sobre a importância do autoconhecimento, é conveniente identificar duas estradas aqui para explorar: a primeira sobre como as transformações tecnológicas trouxeram mais informações acessíveis e gratuitas de forma maciça, porém, trouxeram também mais ansiedade e problemas de decisão, ou outros tipos de problemas que desnorteiam a cabeça das pessoas. A segunda estrada fala sobre a melhora na oferta de informação, ferramentas, tratamentos e tecnologias que permitem que o autoconhecimento seja, simplesmente, colocado na vida das pessoas de forma fácil, rápida e descomplicada.

A vida moderna trouxe complicações de convivência social, porém, trouxe também ferramentas e informação para facilitar a tomada de decisão e a mudança.

Com o advento das tecnologias modernas e a transformação digital, o contexto do autoconhecimento sofreu mudanças significativas. Hoje, as ferramentas digitais oferecem novas maneiras de autoexploração e autoconhecimento.

Aplicativos de Meditação e Mindfulness: Apps como Headspace e Calm guiam usuários através de práticas de mindfulness que promovem a introspecção.

Wearables e Monitoramento de Saúde: Relógios inteligentes e outros dispositivos monitoram padrões de sono, níveis de atividade e até mesmo variabilidade da frequência cardíaca, fornecendo dados valiosos sobre nosso estado físico e mental.

Redes Sociais e Reflexão Pessoal: Embora as redes sociais possam causar certo impacto negativo na autoconsciência (devido a comparações e feedback contínuo), elas também fornecem um espaço para expressão e reflexão pessoal.

A busca por autoconhecimento em meio ao avanço tecnológico destaca uma nova necessidade humana: equilibrar a autoexploração digital com práticas tradicionais de introspecção.

Vários autores destacaram a importância do autoconhecimento em suas obras:

Carl Rogers: Considerado um dos pioneiros da Psicologia Humanista, Rogers enfatizou o conceito de “self-actualization” e como a autoexploração é essencial para alcançar o potencial pessoal, defende que o autoconhecimento é essencial para a auto-realização e o crescimento pessoal.

Daniel Goleman: Em seu livro “Emotional Intelligence”, Goleman discute como a autoconsciência é uma das bases componentes chave da inteligência emocional, que é crucial para o sucesso pessoal e profissional. A Inteligência emocional tem tido grande importância, sendo considerada a mais importante das inteligências. Tanto que hoje em dia, muitos consideram este tipo de inteligência até mais importante que o conceito de mensuração da inteligência conhecida de QI.

Com isso,mais uma vez vem à mente a mesma questão. Se a inteligência emocional é tão importante, e sabendo que o termo “Emocional” traz uma grande complexidade de compreensão, como o autoconhecimento pode ser deixado de lado a ponto de alguém escolher não o implementar em sua própria vida? Ser inteligente não é mais importante? Ou minha inteligência não precisa de autoconhecimento?

Eckhart Tolle: No livro “O Poder do Agora”, Tolle aborda a importância de estar presente e observar os próprios pensamentos como uma forma de autoconhecimento.

Observe algumas ferramentas e técnicas para desenvolver o autoconhecimento. Perceba que podem ser empregadas tanto em nível institucional, quanto organizacional e pessoal. São ferramentas aplicadas na administração há décadas, por exemplo:

Análise de Forças e Fraquezas (SWOT pessoal): Identificar suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças pode fornecer um mapa claro de onde você está e onde deseja estar.

Journaling (Escrita Reflexiva): Manter um diário sobre suas experiências, emoções e pensamentos pode ajudá-lo a observar padrões e ganhar insights sobre si mesmo.

Feedback de Outros: Buscar feedback construtivo de pessoas próximas pode oferecer perspectivas externas que muitas vezes não enxergamos em nós mesmos.

Mindfulness e Meditação: Estas práticas ajudam a conectar-se com o momento presente e a observar seus pensamentos e emoções sem julgamento, promovendo uma maior autoconsciência.

Figura 3 – Autoconhecimento em nível corporativo.

O autoconhecimento é um processo contínuo e transformador, essencial para o crescimento pessoal e a felicidade. Em um mundo cada vez mais digital e acelerado, encontrar tempo e métodos para cultivar o autoconhecimento é crucial para manter o equilíbrio e a realização. Grandes pensadores e as novas tecnologias oferecem uma variedade de recursos para essa jornada, cabendo a cada indivíduo encontrar seu próprio caminho.

Conhecer a si próprio, primeiro, é o fundamento sobre o qual todo o desenvolvimento pessoal deve ser construído. Sem uma compreensão clara de nossos próprios pensamentos, emoções e motivações, somos como barcos à deriva, guiados pelas correntes circunstanciais ao invés de por um rumo claro e intencional. Investir em autoconhecimento não é um luxo, é uma necessidade para qualquer pessoa que busca viver uma vida autêntica, satisfatória e bem-sucedida.

Referências:

Jung, C. G. (1964). Man and His Symbols. Seligman, M. E. P. (2002). Authentic Happiness: Using the New Positive Psychology to Realize Your Potential for Lasting Fulfillment. Goleman, D. (1995). Emotional Intelligence: Why It Can Matter More Than IQ. Tolle, E. (1997). The Power of Now: A Guide to Spiritual Enlightenment.

Por Rod (Veja Claramente)


O Estoicismo: Uma Ferramenta de Transformação Pessoal.

imagem da árvore do estoicismo

Descubra os ensinamentos atemporais do Estoicismo e embarque em uma jornada transformadora rumo à paz interior e resiliência. Neste artigo, exploramos um pouco dos conceitos e os princípios da filosofia estoica, oferecendo insights práticos para a vida com graça e sabedoria. Seja buscando clareza em tempos de adversidade ou lutando pelo crescimento pessoal e realização, o Estoicismo oferece ferramentas inestimáveis para cultivar uma mentalidade resiliente e conduzir uma vida mais significativa.

O estoicismo é uma filosofia que remonta do período helenístico, durante o império Macedônico sobre os gregos. O conhecido império alexandrino levou a cultura grega para todas as regiões que conquistou, influenciando não só a política, mas a forma de pensar nas nações conquistadas iniciando uma cultura híbrida. Várias escolas de pensamento surgiram, inclusive o estoicismo. Essa filosofia pregava a ideia, e ainda o faz, de que a felicidade está diretamente ligada à tranquilidade e à imperturbabilidade, assim como ao domínio sobre si mesmo e à aceitação do curso natural dos acontecimentos.

Atualmente, o estoicismo vem ressurgindo com muita força e popularidade devido à sua relevância atemporal e sua capacidade de oferecer orientação em meio às complexidades da vida moderna. A sua influência tem sido principalmente nas questões sobre ética, princípios morais, resiliência mental e emocional e também o bem estar individual e coletivo. É perceptível, na sociedade na qual estamos vivendo, que os indivíduos e povos estão enfrentando problemas de todas as ordens no que diz respeito sobre a convivência entre as gerações de pessoas à luz das transformações políticas e culturais do novo século.

O estoicismo teve suas origens na Grécia Antiga, com filósofos como Zenão de Cítio, que fundou a escola estoica no século III a.C. Durante o Império Romano, figuras como Sêneca, Epiteto e Marco Aurélio consolidaram os ensinamentos estoicos e influenciaram significativamente o pensamento da época. Embora muitos dos estoicos mais conhecidos tenham vindo de origens privilegiadas ou tenham ocupado posições de destaque na sociedade, como políticos, filósofos e escritores, nem todos eram membros da elite. O estoicismo foi uma filosofia que atraiu pessoas de diversas origens sociais e econômicas.

Zenão, o criador do Estoicismo

Por exemplo, Zenão de Cítio, citado acima, foi o fundador da escola estoica e era de origem fenícia e trabalhava como comerciante antes de perceber sua inclinação para os estudos de pensamento filosófico. Epiteto, um dos mais renomados dos estoicos, era um escravo liberto. Ele ensinou estoicismo e influenciou muitos, incluindo o imperador romano Marco Aurélio, que, apesar de ser membro da elite imperial, foi profundamente influenciado pelos ensinamentos dessa nova escola de filosofia.

Além disso, muitos seguidores do estoicismo ao longo dos séculos vieram de diversas origens sociais, incluindo camponeses, soldados, comerciantes e artesãos. O apelo universal do estoicismo reside em sua capacidade de oferecer orientação e consolo para pessoas em todas as situações e posições sociais, fornecendo um caminho para viver uma vida mais virtuosa e significativa, o que se encaixa perfeitamente nas necessidades de pensamento atuais, justificando o ressurgimento desse pensamento.

Os princípios fundamentais do estoicismo incluem a compreensão da natureza do mundo e o conceito de Logos (razão ou princípio ordenador que permeia todo o universo), a distinção entre coisas dentro e fora do nosso controle, a prática da aceitação e serenidade diante das adversidades e o papel da virtude como o bem supremo. O estoicismo concebe a filosofia em três partes principais: a física (estudo da realidade), a lógica (estudo do pensamento e do modo como apreendemos a realidade) e a ética (reflexão sobre o comportamento humano), e a relação entre essas partes se dá através da metáfora da árvore, na qual a parte física é a raiz, a parte lógica é o tronco e a parte ética são os frutos dessa árvore. Nesse contexto, os frutos não existiriam sem a raiz e o tronco dessa árvore.

A teoria da árvore é uma metáfora para ilustrar a natureza de nossos julgamentos e ações. Ela é usada para explicar como nossas emoções e comportamentos são influenciados por nossos pensamentos e crenças. De acordo com essa metáfora, imagine que sua mente é como uma árvore, com seus pensamentos sendo as folhas e seus julgamentos sendo os frutos. Os pensamentos, ou folhas, surgem naturalmente em sua mente, assim como as folhas crescem em uma árvore. No entanto, assim como você pode escolher quais frutos colher de uma árvore, você também pode escolher quais julgamentos aceitar e cultivar em sua mente.

Árvore Estoica

Os estoicos argumentam que muitas vezes nos sentimos perturbados por eventos externos porque fazemos julgamentos inadequados sobre eles. Por exemplo, se alguém nos insulta, podemos julgar isso como uma grave ofensa e nos sentirmos com raiva ou magoados. No entanto, os estoicos argumentam que podemos escolher julgar o evento de maneira diferente, reconhecendo que as palavras de outra pessoa não têm poder sobre nossa paz interior, a menos que permitamos.

Assim como você pode escolher quais frutos colher de uma árvore, você pode escolher quais julgamentos aceitar e cultivar em sua mente. Se você escolher julgar os eventos de maneira racional e objetiva, em vez de emocional e irracional, poderá experimentar uma maior serenidade e equanimidade em sua vida.

Essa metáfora da árvore é uma maneira poderosa de entender como nossos pensamentos e julgamentos influenciam nossas emoções e ações (ética), e como podemos cultivar uma mente mais tranquila e virtuosa através da prática do estoicismo, fortalecendo sua lógica da realidade (tronco e raízes).

Ao longo da história, o estoicismo exerceu uma influência profunda na filosofia e ética ocidentais. Experimentou um renascimento durante o período do Renascimento e manteve sua relevância em momentos críticos da história, como durante crises sociais e políticas. Nesses momentos, a humanidade sempre teve que enfrentar questões éticas e morais, e sobre isso o estoicismo apresenta seu conceito de ética focada na virtude.

É por meio da virtude que os praticantes do pensamento estoico saem em busca da sabedoria que vai guiá-los em suas condutas éticas e morais. Essa conduta está vinculada à Natureza, cujos princípios regem a harmonia do Cosmo. A natureza fornece ao homem o que é necessário para que ele a siga, conseguindo agir naturalmente quando seus valores estão em consonância com seu próprio ser. Assim ele se torna virtuoso e alcança a felicidade.

Mas ainda existem as paixões (emoções) que são perturbações da alma que afetam o homem no seu proceder, levando à ações corretas ou incorretas. As paixões e/ou perturbações são de três categorias: as boas, as más e as indiferentes. As boas e más são, respectivamente, as virtudes e os vícios, e todas as demais são simplesmente indiferentes para a conduta.

Entre as virtudes estão a sabedoria, a justiça, a coragem e a autodisciplina. Os vícios são a ignorância, a injustiça, a covardia e a indulgência. As indiferentes podem resultar tanto no bem quanto no mal, diferenciando apenas pelo modo que são empregadas.

Atualmente, há um crescente interesse nesse pensamento filosófico, com muitas pessoas buscando incorporar seus ensinamentos na vida cotidiana. Os princípios estoicos podem ser aplicados em várias áreas, desde o desenvolvimento pessoal até a tomada de decisões éticas. Além disso, verifica-se um aumento considerável dos problemas relacionados ao convívio entre culturas e gerações diferentes – leia o artigo sobre esse tema aqui no Veja Claramente. O globalismo trouxe discussões acirradas a respeito de temas muito impactantes para os indivíduos e suas famílias. Modo de viver, educação, política, religião, feminismo, pautas identitárias, guerras do sexo e bélicas e a antiga queda de braço entre capitalismo e socialismo tem atacado as mentes de forma nunca antes percebida.

Isso significa que as pessoas estão passando a buscar um meio, uma ferramenta que as ajude a encontrar uma conduta, uma força para seguir o mais intacto possível de tanta informação e extremismos. O estoicismo oferece benefícios significativos para a resiliência emocional e mental, auxilia na tomada de decisões éticas e contribui para o bem-estar individual e coletivo. Além disso, possui o potencial de promover uma sociedade mais compassiva e solidária.

Apesar de suas virtudes, o estoicismo enfrenta críticas e limitações, incluindo acusações de passividade diante da injustiça e de minimização das emoções humanas. No entanto, muitos adeptos do estoicismo oferecem respostas sólidas a essas críticas, destacando a importância da ação virtuosa e do engajamento social. Para melhor entendimento, melhor tabular e comparar as principais críticas e os argumentos contrários.

Críticas e os argumentos de defesa:

1 – Passividade diante da injustiça: Uma crítica frequente ao estoicismo é que ele pode ser interpretado como promovendo uma atitude de passividade diante da injustiça e da opressão. Alguns argumentam que a ênfase na aceitação das circunstâncias pode levar os praticantes estoicos a se resignarem a situações injustas e a não se engajarem em ações para promover a mudança social.

Defesa: Os estoicos não defendem a passividade diante da injustiça, mas sim uma abordagem racional e virtuosa para lidar com as adversidades. Eles ensinam que é importante reconhecer e resistir à injustiça de forma ativa, quando possível, agindo com coragem e virtude para defender o que é justo e correto. No entanto, eles também enfatizam a importância de aceitar as coisas que estão fora de nosso controle e encontrar serenidade mesmo em meio a circunstâncias adversas.

2 – Supressão das emoções: Outra crítica comum é que o estoicismo pode encorajar a supressão ou negação das emoções humanas naturais. Alguns argumentam que a ênfase estoica na racionalidade e na indiferença às emoções pode levar as pessoas a reprimir seus sentimentos legítimos, o que pode resultar em problemas de saúde mental e bem-estar emocional.

Defesa: Os estoicos não defendem a supressão das emoções, mas sim a compreensão e o controle das mesmas. Eles reconhecem que as emoções são uma parte natural da experiência humana, mas argumentam que devemos cultivar uma atitude de indiferença emocional em relação a coisas que estão além do nosso controle. Isso não significa negar ou reprimir as emoções, mas sim reconhecer que podemos escolher como responder a elas de maneira racional e virtuosa.

3 – Individualismo excessivo: Algumas críticas argumentam que o estoicismo enfatiza demais a responsabilidade e o controle individual, negligenciando a importância das relações sociais e comunitárias. Isso pode levar os praticantes a uma mentalidade egoísta e individualista, em detrimento do bem-estar coletivo.

Defesa: Os estoicos reconhecem a importância das relações sociais e comunitárias e enfatizam a responsabilidade pessoal dentro de uma comunidade. Eles argumentam que devemos buscar a excelência moral não apenas para nosso próprio benefício, mas também para o benefício da sociedade como um todo. Ao agir com virtude e sabedoria, podemos contribuir positivamente para o bem-estar coletivo e promover uma sociedade mais justa e compassiva.

4 – Insensibilidade ao sofrimento humano: O estoicismo, por vezes, é criticado por sua aparente insensibilidade ao sofrimento humano. Os estoicos ensinam a aceitação das circunstâncias adversas e a busca pela tranquilidade interior, o que pode ser interpretado como uma falta de empatia ou compaixão em relação aos que estão sofrendo.

Defesa: Os estoicos não são insensíveis ao sofrimento humano, mas sim compassivos e empáticos. Eles ensinam que é importante aceitar as circunstâncias da vida, mesmo aquelas que envolvem sofrimento, e buscar serenidade interior através da prática da virtude e da razão. Ao aceitar as coisas que não podemos mudar e agir com compaixão em relação aos outros, podemos encontrar uma maneira de lidar com o sofrimento de forma mais construtiva e significativa.

O estoicismo continua a ser uma poderosa ferramenta de transformação pessoal e social na contemporaneidade. Ao compreender sua história, princípios e aplicações, os indivíduos podem cultivar uma vida mais significativa, resiliente e ética. Convido os leitores do Veja Claramente a explorar e aplicar os ensinamentos estoicos em suas próprias vidas, contribuindo assim para um mundo mais equilibrado e compassivo.

Trata-se sim de uma excelente ferramenta de desenvolvimento pessoal porque oferece um conjunto de princípios e práticas que ajudam os indivíduos a cultivar virtudes como coragem, sabedoria, justiça e autodisciplina. Ao adotar uma perspectiva dessa filosofia, as pessoas aprendem a distinguir entre o que podem controlar e o que não podem, desenvolvendo uma maior resiliência emocional e mental diante das adversidades da vida.

Além disso, o estoicismo promove a aceitação das circunstâncias inevitáveis da vida e encoraja os praticantes a viver de acordo com a razão e a virtude, em vez de serem dominados por emoções negativas ou desejos prejudiciais. Isso ajuda as pessoas a encontrar um senso de paz interior e contentamento, independentemente das circunstâncias externas.

Ao praticar os ensinamentos estoicos, os indivíduos podem aprender a lidar com o estresse, a ansiedade e outras dificuldades de maneira mais eficaz, promovendo assim um maior bem-estar emocional e psicológico, enfatizando, assim, a importância de viver de acordo com os princípios éticos e morais, o que pode levar a uma vida mais significativa e satisfatória.

Em resumo, o estoicismo oferece uma abordagem prática e eficaz para lidar com os desafios da vida, promovendo o crescimento pessoal e a busca pela excelência moral. Ao adotar os princípios do pensamento estoico, os indivíduos podem transformar suas vidas, encontrando maior serenidade, contentamento e propósito.

Por Rod (Veja Claramente)